I – DOS FACTOS.
1.º
A Autora e o Réu
conheceram-se em Setembro 2010.
2.º
Nos primeiros tempos, a Autora sentiu-se relutante em assumir qualquer tipo de atracção ou
sentimento pelo Réu.
3.º
Contudo, após
semanas de persistência quase obsessiva, o Réu convenceu a Autora de que era a
pessoa certa para a fazer feliz.
4.º
Assim, em Fevereiro de
2011 as partes assumiram uma relação.
5.º
Durante os meses
que se seguiram, a Autora, consciente de que com o tempo se apaixonara
perdidamente pelo Réu, fez tudo para que a relação prosseguisse sem grandes
altercações.
Pelo que,
6.º
A Autora perdoou as
inúmeras vezes em que foi ignorada, maltratada, humilhada e mal amada.
7.º
A Autora desculpou
todas as vezes em que não lhe foi dado o devido valor.
8.º
A Autora apoiou o
Réu durante todas as suas crises existenciais,
9.º
Não obstante a
entrega total da Autora ao Réu e à relação de ambos, passados os tempos da
conquista o Réu deixou de valorizar a Autora,
10.º
Com tal mudança de
atitude, a Autora começou a questionar a sua relação e, pior que tudo, o seu valor.
11.º
Se por um lado tinha juras eternas de amor,
por outro tinha distanciamento.
12.º
Se por um lado
fazia parte dos planos de vida do Réu, por outro era ignorada como se nela não
existisse.
13.º
A sistemática
incoerência nas atitudes do Réu levou a que várias vezes a Autora desconfiasse
da sua fidelidade.
14.º
Porém, sempre que
expressava as suas suposições, o Réu demonstrava-se profundamente ofendido e
até magoado.
15.º
Pelo que a Autora,
arrependida de não confiar na palavra da pessoa com quem já tanto tinha vivido,
pedia desculpas.
16.º
Em Dezembro de
2012, com o objectivo de surpreender o Réu, a Autora deslocou-se em segredo à
casa do mesmo.
17.º
Qual não é o seu
espanto quando, após conseguir entrar no prédio do Réu e estar prestes a chegar
ao respectivo andar, a Autora ouviu a porta da casa do Réu abrir-se.
18.º
Estranhando a movimentação
pela hora, a Autora decidiu manter-se à escuta.
19.º
Qual não foi o seu
espanto quanto ouviu a voz do Réu seguida de uma voz feminina.
20.º
A surpresa aumentou
quando, após uma conversa apaixonada, a Autora ouviu ruídos de movimento, entre
os quais, beijos.
21.º
Foi aí que o mundo
da Autora caiu.
22.º
Após o “incidente”
descrito supra, a Autora entrou em período pré-depressivo.
23.º
A Autora não comia.
24.º
Não dormia.
25.º
Não ria.
26.º
Deixou de se
conseguir concentrar no trabalho.
27.º
Na realidade,
deixou de se conseguir concentrar no que quer que fosse.
28.º
A Autora ficou
profundamente afectada com todas as sacanagens que o Réu lhe fez,
29.º
E o facto de o Réu
lhe ter chateado os cornos com inúmeros pedidos de desculpa nas semanas
seguintes, levou a que a tristeza se alojasse ainda mais dentro de si.
II - DO DIREITO
30.º
O Artigo 23.º do
Código de Deontologia da Pessoa Humana dispõe que “o ser humano deve agir com rectidão, abstendo-se de magoar
gratuitamente outrém e, assim, foder-lhe o juízo”.
31.º
Ora, o comportamento,
já descrito, que o Réu teve ao longo da relação com a Autora, demonstra que o
mesmo violou deliberada e reiteradamente este artigo.
32.º
Sendo certo que o Réu
violou ainda alguns dos mais importantes e elementares princípios de Direito,
nomeadamente o princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
33.º
Pelo que deverá ser
condenado em multa pelos danos morais provocados à Autora.
34.º
Mais, com a prática
dos actos descritos nos artigos 17.º a 21.º desta Petição Inicial, o Réu violou
ainda o artigo 27.º do mesmo Código, o qual dispõe que “o ser humano nunca se deve comportar como um grandessíssimo filho da
puta, sob pena de condenação em multa à escolha do lesado”.
Termos
em que, requer a V/ Exa. Seja a presente acção julgada procedente por provada
e, em consequência:
I - Seja
o Réu condenado em 20 anos de mau (horrível) sexo;
II –
Seja o Réu condenado a indemnizar a Autora em quantia não inferior a € 20.000,
por danos morais.
A Mandatária
Agulha
Notinha: Este texto resulta de uma observação sociológica intensiva aliada a sessões de cusquices das boas. Não é auto-biográfico. Mas, minhas amigas, lamento dizer, pelo que tenho visto é coisinha capaz de calhar a qualquer uma de nós.
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